domingo, 9 de dezembro de 2012

MULHERES FRAGILIZADAS: O ESTIGMA DA VIOLÊNCIA


A violência é concebida como um fenômeno que ocorre e se dissemina constantemente, implicando em relações de poder e dominação. Está sempre atrelada à questão de desigualdade, onde um lado frágil sofre abuso de outro mais apoderado. Independente sob a esfera a qual se manifesta repercute em prejuízo ocupacional em vários âmbitos da vida da pessoa.
A violência direcionada à mulher na contemporaneidade se consagrou como uma das principais causadoras de sofrimento físico e psicológico feminino, fato que compõe uma grave problemática de saúde pública, sendo que uma em cada quatro brasileiras já sofreu algum tipo de agressão por parte do parceiro.
O perfil mais comum das mulheres vitimizadas é assinalado por três características base: mulheres jovens, dependente financeiramente do companheiro e com filhos, o que não exclui a ocorrência com mulheres que não se enquadram nestas. Deve-se salientar que vêm ocorrendo por todo o mundo e entre vários tipos de pessoas, das mais variadas idades, classes sociais, religiões, etnia, grau de instrução e que é dentro de casa o local em que estas mulheres sofrem, é menos frequente ocorrer aos olhos de um público.
Existem, basicamente, cinco tipos de violência: A violência física, que é a mais perceptível por representar uma agressão corporal; Violência moral, muito mascarada por ser falsamente nomeada de “discussão” (digo falsamente porque discutir não é sinônimo de molestar por palavras), assinalada por ofensas, injúrias, insultos, uso de nomes pejorativos (vagabunda, puta, vadia...), detrimento moral, é o popularmente conhecido como xingamento; Violência psicológica, caracterizada por qualquer atitude do companheiro ou ex que represente sofrimento emocional para a mulher como ameaçar (geralmente de tirar os filhos), perseguir, vigiar, tentar controlar a vida da pessoa, chantagear, humilhar, ridicularizar, ou seja, tudo que limita o direito de ir e vir da mulher ou diminua sua autoestima; Violência sexual, que se refere a induzir por ameaça, coação, intimidação ou obrigar a mulher a participar de um ato sexual não desejado, isto ocorre muitas vezes com o marido sentenciando a mulher de que esta é um objeto e tem a obrigação de lhe fazer todos os desejos sexuais, mesmo que não queira e também engloba o ato de manipular ou forçar a relação sexual sem preservativo, não deixar a mulher tomar anticoncepcional ou fazê-la cometer aborto, ou seja, tudo o que anule os direitos sexuais da mulher; Por fim, a violência patrimonial, que significa danificar ou destruir objetos pessoais e bens materiais, como quebrar os móveis, o carro, atear fogo ou rasgar documentos ou instrumentos de trabalho, reter qualquer coisa que pertença a mulher como dinheiro, joias etc. Simplificando, tudo que represente algum tipo de prejuízo físico, psíquico ou emocional contra a mulher é caracterizado como violência.
Muito raro é um tipo de violência se manifestar sozinha, ela sempre vem acompanhada por outra, ou outras. Ás vezes, começa com uma “simples” agressão verbal e vai evoluindo, há vários casos relatados na mídia de violência contra mulher que chegou a ponto de um homicídio.
Frequentemente o homem que agride a mulher ainda tenta convencer a vítima de que ela é culpada pela violência que está sofrendo, que ele tem razão em agredi-la, que ela incitou isso, mas não é verdade! É apenas uma técnica de perpetuar a violência e se esquivar da responsabilidade pelas agressões.
Outra incidência comum é depois de agredir, o homem dar uma de arrependido com promessas e juras de que nunca mais na face da terra irá repetir este comportamento, que estava estressado, que não vai mais acontecer, que o perdoe pelo amor de Deus, mas quem faz uma vez tem uma enorme possibilidade de tornar a fazer.
Ninguém pode tomar uma decisão pela vítima, cabe a ela decidir romper com esse vínculo de violência ou continuar. Quer denunciar? Faça um Boletim de Ocorrência, denuncie-o e peça proteção da polícia, não tema as ameaças que ele esteja lhe fazendo. Só reclamar e não tomar nenhuma atitude não vai resolver, só irá aumentar a violência porque ele percebe que você está vulnerável ás ameaças e atos dele.
Dica: Se o homem lhe agrediu com tapas, puxão de cabelo ou outra forma que não tenha deixado marca no corpo, ao fazer o BO não peça para fazer de violência física, porque não haverá marcas para o corpo de delito, solicite contra a violência moral, pois será mais fácil penalizar o agressor.

Psicóloga Katree Zuanazzi
CRP 08/17070
Publicado no Jornal de Notícias "A Folha de Saltinho" dia 08-12-2012
Pode ser reproduzido citando a fonte e a autora. (Lei 9.610/1998)

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