A relação entre querer e desejar nada diferente é do que o clássico e explorado paradoxo entre razão e emoção. Se por um lado a lógica permeia todos os comportamentos manifestos, não se deve esquecer que estes estão a mercê de vontades intrínsecas e subjetivas de cada ser humano.
O desejo é definido como aquela vontade
arrebatadora, com reação orgânica, que te incita a algo
inexplicavelmente, por ser permeado pela emoção. Se quer algo visando apenas o que ele
pode propiciar de prazer. Metaforicamente pode-se dizer que, como um ímã se
atrai pelo metal, o desejo se fixa por um objeto de volição.
Já o querer é bem mais complexo. Querer
é uma escolha, que nada tem a ver com desejar. O que as pessoas querem está
pautado em uma opção refletida a um prazo mais extenso, se foca um resultado com
este querer, visa intenções secundárias que proporcionarão ganhos em vários âmbitos
da vida. Diferente do desejar, que apenas busca obtenção do prazer imediato
e redução de tensões, onde pouco ou nada se leva em consideração projetos
futuros.
As pessoas querem emagrecer, mas desejam
continuar comendo. Querem ter saúde, mas têm desejos por hábitos que não são
saudáveis. Querem fidelidade, mas muitas vezes desejam o companheiro alheio. Querem
paz, mas desejam agredir qualquer pessoa que lhes desagradem. Querem salvar o
meio ambiente, mas desejam facilidades cotidianas que destroem o mesmo. Querem
um país culto, mas preterem o estudo em relação ao lazer, que é o desejado.
Querem igualdade social, mas desejam a riqueza. Por estes e mais inúmeros
exemplos, a gestão entre o querer e o desejar em uma pessoa é bastante conflitante.
Se por um lado sabe-se que algo é o melhor, correto, vantajoso, para conseguir
isto teria que sacrificar o magnífico, poderoso, prazeroso “desejo”.
Olhando por esta ótica o desejo até
parece um vilão. Será que o é? Não existe certo ou errado nos postulados, apenas
abre margem para um debate mental. Vale à pena sacrificar determinados projetos
em prol de um querer momentâneo? A resposta é subjetiva de cada leitor, pois
somente a própria pessoa tem suas razões e significações. Como disse Caetano
Veloso: “Cada um sabe a dor e a delícia de ser o que é”, ou melhor, seria saber
a dor e a delícia do que se escolhe ser?
Recentemente em uma livraria avistei
um livro intitulado “Você quer o que deseja?”, não me lembro o autor, mas este
título me instigou a imaginação e incitou a construção da presente reflexão. Muitas vezes, o que uma pessoa menos quer para
sua vida é o que ela mais deseja. Só resta uma dica: cuidados com seus
desejos, eles podem ser inimigos do teu querer!
Psicóloga Katree
Zuanazzi
CRP 08\17070
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