Com o passar dos anos a
liberdade infantil tem progressivamente instigada e aceita dentro dos lares. Não está
nítido se este movimento é mais incentivado de fora (sociedade) para dentro
(lar), ou se os próprios pais acabam por dar para as crianças tamanha liberdade
por algum motivo subjetivo, como proporcionar aos filhos o que não tiveram em
sua infância, acreditarem que no mundo moderno deve ser assim ou mais inúmeros
fatores. O que não dá para esquecer é que a mídia tem fomentado a ideia de que
criança para ser feliz tem que “poder tudo”.
Crianças choram no mercado por querer
um doce e com a atitude escandalosa que aderem percebem conseguir o que querem.
Como dizem os comportamentalistas, o comportamento reforçado tende a ser
mantido e acoplado ao repertório comportamental. Se uma postura não educada me
assegura a conquista do desejado, normalmente a expressarei quando
quiser algo. E assim a má-criação tem se tornado um movimento de massa.
Em um documentário contemporâneo
intitulado “Criança: a alma do negócio” é abordado o comportamento
consumista infantil, e deixa transparecer a imagem dos
pais como meros fantoches na mão de uma criança (pessoa em construção), sem voz
ativa, sendo manipulados sob um marasmo de “pseudo-naturalidade”. Não percebem o absurdo de um ser em constituição tendo
poder sobre um outro ser que já se estabeleceu enquanto pessoa. Quem deve ser
educado afinal, pais ou filhos?
Se uma criança nunca é frustrada ou
nunca ouve um não, o sofrimento por qual passará ao ouvir no futuro será demasiadamente
mais acentuado do que uma criança que tem limites. Se os pais não colocam
limites, o mundo coloca. Isto é inevitável, certeiro, não há como fugir desta
realidade. Podem existir os pais na infância para satisfaz todas as
vontades dos filhos ou não impor restrições, mas na adultez nem todo mundo vai
viver para satisfazê-lo e, se não se está acostumado com nãos, terá que se
aprender a lidar com eles mais tarde de maneiras bem mais
dolorosas.
Hoje se vê meninas querendo se matar
porque foram largadas por namoradinhos, acostumadas a ter tudo o que querem não
suportam ouvir um não. Jovens se destroem constantemente devido ao abuso de
substâncias psicoativas. Por que uma pessoa precisa ir lá e tomar todas as
bebidas que conseguir? Tomar uma bebida é uma coisa, outra bem diferente é se
entupir de álcool e drogas até a morte. Qual é essa necessidade?
Aí está, é o tal limite que todos precisam,
buscam e necessitam, e se em casa elas não têm, o externo providenciará. Nem
que o limite seja uma morte por overdoses, por acidentes devido à embriaguez, uma
gravidez na adolescência, uma doença venérea, um suicídio, etc. Matando e morrendo
as pessoas imploram ao universo o freio que não tiveram em casa.
Parafraseando immanuel Kant “O homem não é nada além daquilo que a educação faz
dele”.
Psicóloga Katree
Zuanazzi
CRP 08/17070
Publicado no Jornal de Notícias "A Folha de Saltinho" dia 25-02-2012
Pode ser reproduzido citando a fonte e a autora. (Lei 9.610/1998)
Pode ser reproduzido citando a fonte e a autora. (Lei 9.610/1998)
Doutora eu sou sua fã. Tudo que vc escreve é muito útil para o dia a dia. Acho que eu tenho que por mais limites em meu filho.
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