Quando se fala
em depressão a primeira coisa que vem a mente é a ideia de alguém muito triste,
que não come nem dorme direito, só chora e/ou adota comportamentos de gênero,
pensa-se em uma infelicidade tremenda por algo que tenha acontecido ou até
mesmo sem algum motivo concreto. Este conhecimento de senso comum leva a pensar
que o depressivo é um inconformado com a vida, infortunado que só sabe reclamar
e vivenciou muitas desgraças, só que não é necessariamente isso. Depressão é uma
patologia clínica, está entre os distúrbios do humor e implica sim e muito
sofrimento psíquico.
A palavra
“depressão” é oriunda do grego deprimere, o “de” tem
a significação de baixar e “premere” corresponde a pressionar,
significando assim pressão baixa. É um termo relativamente recente, que foi
introduzido no debate sobre melancolia em contextos médicos apenas no século
XVIII. É categorizada como um transtorno
afetivo, sendo estes marcados pela perda do senso de controle e demandas de
intenso sofrimento subjetivo.
Segundo a OMS
(Organização Mundial de Saúde) a depressão é mais comum em pessoas do sexo
feminino, um décimo da população mundial já foi acometido por depressão, e
ainda faz uma previsão de que esta será o maior problema de saúde até o ano de
2030, isso no mundo todo.
A emergência da depressão não é exclusivamente de
fatores externos, estes podem até desencadeá-la, mas o motivo de sua ocorrência
parte de motivos biológicos. A ciência afirma que a depressão é fundamentalmente
originária de um desequilíbrio bioquímico do cérebro. Há a disfunção cerebral,
ou seja, a liberação de alguns neurotransmissores, como a serotonina e a
noradrenalina, são limitados, escassas, insuficientes, o que promove certo rebaixamento
no humor. Isto tudo associado ao estilo de vida, eventualidades de situações
desgastantes ou traumáticas, alimentação, tudo que possa implicar em demasiado
sofrimento psíquico contribui para o desencadeamento do quadro de depressivo.
Por ser um distúrbio desabilitante promove um
declínio na vida ocupacional da pessoa e isto progressivamente. Este declínio
se mostra através de sintomas físicos e emocionais como isolamento social,
apatia, desânimo intenso, anedonia e falta de interesse de executar qualquer
atividade, além de apresentar uma modificação no quesito sono e peso (engordar,
emagrecer, insônia, sono excessivo). Se não for tratada adequadamente pode
levar a casos extremos como o suicídio.
O depressivo não tem um panorama do depois, ele não
consegue construir uma possibilidade boa para o pós-crise, fantasia pela
perpetuação de seu sofrimento, como diz Jean Laplanche “O deprimido vive num
tempo que não passa”, e por achar que aquele momento terrível vai se perpetuar
para o todo sempre, chega a conceber a morte como uma alternativa.
Ninguém sai do
estado depressivo sozinho. O tratamento aderido diante da depressão parte
essencialmente de via medicamentosa e psicoterápica. Deve-se salientar que
ambas devem ser utilizadas em conjunto, pois são complementares. A utilização
do medicamento não substitui a terapia bem como vice versa.
Katree Zuanazzi
Artigo publicado no Jornal de Notícias impresso “A Folha de Saltinho” no dia 15-10-2011.
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