sexta-feira, 30 de novembro de 2012

DEPRESSÃO À VISTA: O QUE PENSAR?


Quando se fala em depressão a primeira coisa que vem a mente é a ideia de alguém muito triste, que não come nem dorme direito, só chora e/ou adota comportamentos de gênero, pensa-se em uma infelicidade tremenda por algo que tenha acontecido ou até mesmo sem algum motivo concreto. Este conhecimento de senso comum leva a pensar que o depressivo é um inconformado com a vida, infortunado que só sabe reclamar e vivenciou muitas desgraças, só que não é necessariamente isso. Depressão é uma patologia clínica, está entre os distúrbios do humor e implica sim e muito sofrimento psíquico.
A palavra “depressão” é oriunda do grego deprimere, o de” tem a significação de baixar e “premere” corresponde a pressionar, significando assim pressão baixa. É um termo relativamente recente, que foi introduzido no debate sobre melancolia em contextos médicos apenas no século XVIII.  É categorizada como um transtorno afetivo, sendo estes marcados pela perda do senso de controle e demandas de intenso sofrimento subjetivo.
Segundo a OMS (Organização Mundial de Saúde) a depressão é mais comum em pessoas do sexo feminino, um décimo da população mundial já foi acometido por depressão, e ainda faz uma previsão de que esta será o maior problema de saúde até o ano de 2030, isso no mundo todo.
A emergência da depressão não é exclusivamente de fatores externos, estes podem até desencadeá-la, mas o motivo de sua ocorrência parte de motivos biológicos. A ciência afirma que a depressão é fundamentalmente originária de um desequilíbrio bioquímico do cérebro. Há a disfunção cerebral, ou seja, a liberação de alguns neurotransmissores, como a serotonina e a noradrenalina, são limitados, escassas, insuficientes, o que promove certo rebaixamento no humor. Isto tudo associado ao estilo de vida, eventualidades de situações desgastantes ou traumáticas, alimentação, tudo que possa implicar em demasiado sofrimento psíquico contribui para o desencadeamento do quadro de depressivo.
Por ser um distúrbio desabilitante promove um declínio na vida ocupacional da pessoa e isto progressivamente. Este declínio se mostra através de sintomas físicos e emocionais como isolamento social, apatia, desânimo intenso, anedonia e falta de interesse de executar qualquer atividade, além de apresentar uma modificação no quesito sono e peso (engordar, emagrecer, insônia, sono excessivo). Se não for tratada adequadamente pode levar a casos extremos como o suicídio.
O depressivo não tem um panorama do depois, ele não consegue construir uma possibilidade boa para o pós-crise, fantasia pela perpetuação de seu sofrimento, como diz Jean Laplanche “O deprimido vive num tempo que não passa”, e por achar que aquele momento terrível vai se perpetuar para o todo sempre, chega a conceber a morte como uma alternativa.
Ninguém sai do estado depressivo sozinho. O tratamento aderido diante da depressão parte essencialmente de via medicamentosa e psicoterápica. Deve-se salientar que ambas devem ser utilizadas em conjunto, pois são complementares. A utilização do medicamento não substitui a terapia bem como vice versa.
Katree Zuanazzi

Artigo publicado no Jornal de Notícias impresso “A Folha de Saltinho” no dia 15-10-2011.



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