É muito comum nas clínicas de Psicologia pacientes chegarem
com o discurso de que estão com depressão, criam seu próprio diagnóstico
pautando-se no senso comum onde denominam depressão algum sentimento
melancólico que lhes causa tristeza, desânimo ou infelicidade. Por não saberem
lidar com suas angústias, como suportá-las, buscam na Psicologia e na Medicina
formas para conviverem com seus sofrimentos que, são sim dolorosos, mas nem
sempre podem ser considerados patológico.
A tristeza,
assim como os outros sentimentos, faz parte da vida psicológica normal, é um
estado de humor que eventualmente são provados nas vivências cotidianas. Todas
as pessoas passam por ocasiões, dias ou momentos do dia com um nível de alegria
abaixo do que consideram o normal. A tristeza é uma ocorrência, pode se dizer,
passageira e está relacionada a eventos cotidianos desagradáveis que tem a
faculdade de deprimir, causar desconforto, angústia, mas não pode ser
confundida com depressão, que é uma patologia psiquiátrica.
Partindo de fatores
biológicos associado à situacionais, o desencadear da depressão implica em
sofrimento significativo na vida ocupacional de quem a vivencia. Frequentemente
o deprimido é descrito como um enlutado com a vida, aflito por perdas não muito
nítidas, mas que significam um vazio na sua existência, assinalando uma dimensão
de desamparo constante.
Somente é
diagnosticado depressão quando a sintomatologia apresentada fecha um quadro clínico,
ou seja, há além de sentimento de tristeza, a presença de outros sintomas
clinicamente relevantes como anedonia, distúrbios de sono, de memória,
isolamento social, fadiga, pensamentos de suicídio ou de morte, apatia, problemas
psicomotores e cognitivos, ganha ou perda de peso concomitante a episódios
depressivos recorrentes que estejam emergindo há pelo menos duas semanas.
As pessoas
estão habituadas a querer denominar como doença tudo o que vivenciam que lhes
provoca desconforto, mas viver com frustrações faz parte da natureza humana. Ficar
triste e estar acometido por depressão são fenômenos dissonantes. O depressivo tem
razão quando diz que sente tristeza, porque ele vivencia muito isso, mas o
triste comete um equivoco em afirmar ser depressivo, pois nem toda tristeza é
patológica. Como diz Ivan Teorilang “Acredite, como tudo na vida acontece por uma questão de
hábito, com a tristeza não é diferente, se insistires em cultuá-la, estarás
escancarando as portas para ela”.
Katree Zuanazzi
Artigo
publicado no Jornal de Notícias impresso “A Folha de Saltinho” no dia 13-08-2011.
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