terça-feira, 27 de novembro de 2012

TRISTEZA E DEPRESSÃO: SEMELHANTES, MAS NÃO SINÔNIMOS.

É muito comum nas clínicas de Psicologia pacientes chegarem com o discurso de que estão com depressão, criam seu próprio diagnóstico pautando-se no senso comum onde denominam depressão algum sentimento melancólico que lhes causa tristeza, desânimo ou infelicidade. Por não saberem lidar com suas angústias, como suportá-las, buscam na Psicologia e na Medicina formas para conviverem com seus sofrimentos que, são sim dolorosos, mas nem sempre podem ser considerados patológico.
A tristeza, assim como os outros sentimentos, faz parte da vida psicológica normal, é um estado de humor que eventualmente são provados nas vivências cotidianas. Todas as pessoas passam por ocasiões, dias ou momentos do dia com um nível de alegria abaixo do que consideram o normal. A tristeza é uma ocorrência, pode se dizer, passageira e está relacionada a eventos cotidianos desagradáveis que tem a faculdade de deprimir, causar desconforto, angústia, mas não pode ser confundida com depressão, que é uma patologia psiquiátrica.
Partindo de fatores biológicos associado à situacionais, o desencadear da depressão implica em sofrimento significativo na vida ocupacional de quem a vivencia. Frequentemente o deprimido é descrito como um enlutado com a vida, aflito por perdas não muito nítidas, mas que significam um vazio na sua existência, assinalando uma dimensão de desamparo constante.
Somente é diagnosticado depressão quando a sintomatologia apresentada fecha um quadro clínico, ou seja, há além de sentimento de tristeza, a presença de outros sintomas clinicamente relevantes como anedonia, distúrbios de sono, de memória, isolamento social, fadiga, pensamentos de suicídio ou de morte, apatia, problemas psicomotores e cognitivos, ganha ou perda de peso concomitante a episódios depressivos recorrentes que estejam emergindo há pelo menos duas semanas.
As pessoas estão habituadas a querer denominar como doença tudo o que vivenciam que lhes provoca desconforto, mas viver com frustrações faz parte da natureza humana. Ficar triste e estar acometido por depressão são fenômenos dissonantes. O depressivo tem razão quando diz que sente tristeza, porque ele vivencia muito isso, mas o triste comete um equivoco em afirmar ser depressivo, pois nem toda tristeza é patológica. Como diz Ivan Teorilang “Acredite, como tudo na vida acontece por uma questão de hábito, com a tristeza não é diferente, se insistires em cultuá-la, estarás escancarando as portas para ela”.

Katree Zuanazzi

Artigo publicado no Jornal de Notícias impresso “A Folha de Saltinho” no dia 13-08-2011. 

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