O
casamento, assim como qualquer parceria, é o reflexo das partes
envolvidas, se uma não vai bem o todo será comprometido. A traição é um
alarme que dispara quando as coisas estão dando errado, ou melhor,
quando o vínculo amoroso está abalado. Toda e qualquer traição parte de
uma insatisfação, seja com o companheiro, com a relação ou consigo
mesmo.
São
inúmeros os motivos que podem direcionar a uma traição, entre eles:
Crise existencial, dissabor com o companheiro, descontentamento com a
formatação que o relacionamento tomou, infelicidade conjugal, falta de
estímulo para estar junto, perda de admiração pelo cônjuge, mudança de
projeto de vida, excesso de conflitos e discussões, dúvidas sobre o que
sente, interesse por outra pessoa, desejo sexual, hábito, vingança,
decepção, aventura, tentativa de sair do tédio, de massagear o ego, ou
por desvio de caráter. Independente da motivação, forma ou circunstância
que uma traição se manifesta, sempre representa a busca por suprir uma
necessidade.
Ao
falar em traidor se pensa em alguém sem escrúpulos, safado, sem
respeito para com o cônjuge, mas nem sempre é assim. Por incrível que
pareça, é possível pessoas de boa índole trair. Uma pessoa íntegra que
esteja vivenciando uma relação onde há constantes aborrecimentos ou que
se sinta negligenciada pelo cônjuge pode se sentir tentada a buscar um
vínculo extraconjugal. Neste caso, a traição vem associado a um sentimento
pelo amante.
Quando
o comportamento de infidelidade ocorre ocasionalmente fica evidenciado
que o casamento está doente. Sendo uma traição descoberta, por mais que
quem a cometeu se mostre contrito e jure a sí mesmo nunca repetir o
comportamento, a relação deve ser repensada. Se a pessoa chegou a ponto
de procurar carinho, sexo, companhia ou simplesmente atenção fora do
casamento, é porque dentro dele as coisas não vão bem.
Já
quando a traição é um comportamento usual e frequente, significa que o
indivíduo está em desequilíbrio. Pessoas acostumadas a trair são
insatisfeitas consigo mesmas e vivem procurando em outros algo que as
possa satisfazer, e como nunca conseguem a lista de casos e/ou amantes
se torna vasta. Tem gente que é infiel a vida toda, que não para em
relacionamento algum e que mesmo com juras de amor eterno permaneça
traindo. Aqui há três possibilidades: a pessoa ser mau caráter mesmo (e
independente do que o companheiro faça, não mudará), estar em crise
(sendo a psicoterapia a única alternativa para lidar com esse conflito
subjetivo), ou optar em sã consciência por ser infiel (tendo isso como decisão e, portanto, não intenciona mudar).
Quando
ocorre uma traição, procurar um culpado é habitual. Há muitos casos em
que um dos cônjuges realmente é o responsável pelo declínio da relação,
porém existe também a possibilidade de ambos terem contribuído
gradativamente. Sempre é a maneira de se relacionar que mantém a
fidelidade, ou direciona a inserção de outra (s) pessoa (s) na relação.
Um casamento feliz, satisfatório, com os cônjuges em harmonia, jamais
abrirá espaço para entrada de um amante. E isso depende do casal, não
apenas de um dos cônjuges.
Psicóloga Katree Zuanazzi
CRP 08\17070
Publicado no Jornal de Notícias "A Folha de Saltinho" dia 31-05-2014
Pode ser reproduzido citando a fonte e a autora. (Lei 9.610/1998)
Pode ser reproduzido citando a fonte e a autora. (Lei 9.610/1998)
tema complicado..
ResponderExcluir