Os desvarios enxergados nas questões conjugais
contemporâneas têm causado polêmica, principalmente pelo fato de que os
conteúdos que antes eram permeadas por certo conservadorismo agora se
repercutem sem nenhum pudor diante da sociedade. Vive-se o extremo do que foi
vivido um dia. Levanta-se a indagação de até que posto isto é saudável.
Há pouca nitidez acerca do que se quer.
Afinal, em um mundo tão veloz são poucas as pessoas que despendem de um tempo
para se questionarem sobre seus atos. Estudiosos muito refletem e reverberam
acerca deste comportamento humano de insatisfação nas relações amorosas. O
resultado a que se chega é que tudo parte das questões mal resolvidas de cada
um.
Hoje as pessoas trocam de companheiro
como se estivessem trocando de sapato e não digo apenas nos casamentos, mas em qualquer
relação de enamoramento. É a chamada era do prazer. Todo mundo vive em função
de buscar incessantemente objetos, coisas, pessoas que lhe propiciem algo
agradável momentaneamente, mas que são descartáveis. É simplesmente assim que os
indivíduos estão começando a considerar o cônjuge: um objeto que pode ser
substituído a qualquer momento por algo novo com alguma aparente vantagenzinha
a mais, como é feito com um automóvel quando ele começa a apresentar defeitos (que
cá entre nós, é devido á má utilização e falta de assistência) ou quando
aparece um modelo mais completo no mercado. Chocante, não? Entretanto é
exatamente isto que está sendo feito na área amorosa, o sujeito que outrora foi
chamado de “meu amor” passa a ser o algoz em fração de segundos.
Tem gente que já está lá no seu terceiro
ou quarto casamento, está pensando em se divorciar e ainda tem a capacidade de
atribuir a culpa pelo término do relacionamento ao companheiro. Tem homens que
dizem que não tiveram sorte com mulheres e mulheres que também afirmam não
terem sorte com homens. Ou não tiveram sorte, ou construíram o seu revés, a
segunda opção se mostra mais pertinente. Pensando bem não dá para atribuir a
culpa a apenas um dos cônjuges, porque não tem como casar e se divorciar
sozinho. É incontestável que isto é resultado do novo mundo que todos estão
elaborando.
Por que tem pessoas que não conseguem
fazer perdurar um relacionamento? Há algo esquisito pairando na mente das
pessoas, elas estão cada vez mais procurando fora de sí algo que é extremamente
intrínseco: a completude, a felicidade, a realização. Culpabilizar o outro é um
movimento quase mecânico, mas não é a melhor forma de resolução de conflitos.
A incapacidade de lidar com as próprias
frustrações impedem que um relacionamento seja duradouro, aí o divorcio surge
como a atitude mais viável e assim se perpetua a ocorrência de casamentos fracassados.
Uma questão mal revolvida que se estenderá por todos os relacionamentos posteriores
se não for superada. Ir para a psicoterapia não seria mais conveniente e eficaz?
Katree Zuanazzi
Artigo publicado no Jornal de Notícias impresso “A Folha de Saltinho” no dia 29-10-2011.