Amor
é algo que não se exige de ninguém, nem de filho, nem de marido, nem da
esposa, nem dos pais, nem dos irmãos. A única coisa que se pode fazer é
dar motivos para ser amado. A partir do momento que o vínculo afetivo
só se mantém por obrigação moral, não existe amor.
A
palavra amor significa doação, caridade, afeição, benevolência, ligação
espiritual, ou seja, algo que se oferece sem esperar nada em troca.
Quem faz algo pelo outro gratuitamente, sem esperar retorno ou vantagem,
o faz por amor. Podemos perceber o amor genuíno observando uma gatinha
cuidando e protegendo seus filhotes, sem nada requerer.
Quem
faz algo por outra pessoa com amor genuíno em hipótese alguma o faz
contando com o que receberá em troca. Quem um dia ajudou alguém (filho,
cônjuge, pais…) e cobra a retribuição é porque não ajudou de coração,
fez o ato como em um investimento financeiro, já que espera a “retirada”
com juros e correção monetária. Não é o caso de negócios como
empréstimos e afins, pois aqui é um acordo estipulado. Falo de gente que
ajuda o outro fazendo uma boa ação seja de tempo, de atenção, de
favores, de esforço ou de abdicar da própria vontade em prol da
necessidade alheia e, algum tempo depois, usa isso em manipulações. Quem
usa o amor para escravizar as pessoas a seu redor, não ama.
Ninguém
que exige amor do outro ou cobra pelo amor que doou será amado, pois
as pessoas percebem quando estão sendo barganhadas sutilmente, e isso
causa revolta ao invés de afeto positivo. Pessoas que não fazem atos com
amorosidade, por mais que briguem e cobrem amor, não o receberão
verdadeiramente, o outro pode até fornecer alguma retribuição por se
sentir na obrigação, na dívida, ou porque caiu na chantagem emocional.
Tem gente que fez algo para ajudar alguém próximo e fica por toda a
eternidade cobrando com frases como “depois de tudo que eu fiz por você”
e outras parecidas, comum em quem não fez o ato de amor com amor de
verdade.
O
“jogar na cara” é muito comum em pessoa de amor agiota. Tem homem que
deixou de fazer um curso para levar a esposa a escola e tempos depois
“joga na cara” seu esforço. Tem mãe que parou de trabalhar quando o
filho nasceu e por isso qualquer coisa que ele a desagrade já é motivo
para “jogar na cara” a renúncia de anos atrás. Tem pai que ajudou o
filho a conquistar algo e depois “joga na cara” o resto da vida. E tem
outros milhares de exemplos de pessoas que fazem atos ou renúncias
afirmando o fazer por amor, mas que estão esperando um retorno.
Acolher,
ensinar algo, aconselhar, estar presente em ocasiões, ou abrir mão de
algo por alguém é uma atitude de amor fraternal, comum entre familiares,
é extremamente imoral usar esse tipo de coisa para chantagens
emocionais no futuro. Quem faz algo verdadeiramente por amor, jamais
“joga na cara” ou cobra. Se cobra, fez por amor próprio, não por amor ao
outro. Amor é uma doação, não uma moeda de compra e venda.
Quando sementes de amor puro são plantadas, é amor puro que se colherá. Quando se planta amor agiota, a colheita certamente não será agradável . Se você está insatisfeito com o amor que vem recebendo, comece a prestar atenção na forma de amor que você oferece.
Psicóloga Katree Zuanazzi
CRP 08\17070
Publicado no Jornal de Notícias "A Folha de Saltinho" dia 25-04-2014
Pode ser reproduzido citando a fonte e a autora. (Lei 9.610/1998)
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