Gente folgada tem em toda parte, não é
difícil as detectar. Em nosso círculo de proximidade como no trabalho, na família,
nos grupos sociais, colegas de apartamento, enfim, entre as inúmeras relações
de convivência existe a possibilidade de se perpetrar uma relação de abuso. Alguns
são mais sutis na exploração dos companheiros, outros o fazem de maneira
escancarada. A relação de exploração se dá primordialmente sob dois aspectos:
financeiros e de serviço.
Em se tratando do âmbito financeiro, o
aproveitador tem o hábito de pedir dinheiro emprestado e independente da
quantia (desde pagamento de um produto até da entrega feita pelo motoboy)
sofrem uma espécie de ‘amnésia’, tendo em vista que quase sempre esquecem que
pegaram dinheiro emprestado. Há também os que, na divisão da conta, falam para
o amigo pagar que depois lhe ressarcirá e, novamente, se ‘esquece’ do combinado.
Ou ainda os que pedem coisas emprestadas e nunca devolvem. O uso de desculpas
como ‘crise financeira, desemprego, problemas de saúde’ são os mais usuais
quando cobrados pela dívida. Se não cobrados veementemente, existe pouca possibilidade
de que paguem suas dívidas.
Em se tratando de serviço, o
aproveitador é um sujeito que sempre verbaliza estar cansado ou doente, até
mesmo estando desempregado usa desculpas esfarrapadas como ‘não tive tempo de
lavar a louça’. O aproveitador se utiliza da boa fé e paciência dos colegas para
tripudiar sobre eles. Pratica uma estratégia de persuasão em pessoas que ele
percebe fragilidade. Se fazendo de sofredor tem êxitos em convencer pessoas a
fazerem seus deveres escolares, arcar com suas funções no trabalho, lhe prestar
favores, fazer as tarefas domésticas, enfim, abusa de toda e qualquer forma da boa
vontade dos colegas.
Estes tipos só se proliferam e se mantém
com a existência de um outro tipo de sujeito, aqueles que se deixam aproveitar.
As pessoas passivas, sem atitude são as mais fáceis de manipular e se mostram
um terreno propício para se tirar proveito. O responsável nunca é o
aproveitador e sim o que se deixa aproveitar. Sempre digo que as pessoas só
fazem com a gente o que permitimos que elas façam. Isto posto, se alguém
permanece nestas atitudes contigo a culpa só é sua, que se coloca como um
objeto para ser explorado na mão do outro.
Comumente a vitima é uma pessoa
consternada, que se afeta, sente pena, acredita no papel de ‘coitadinho’
desempenhado pelo aproveitador, sem se dar conta que por trás desta máscara se
esconde uma pessoa astuta, dissimulada, solerte, que se acostumou tanto a tirar
vantagem de outros que não sente o mínimo de vergonha ou receio em fazê-lo.
Enxergar além da carapuça é o primeiro passo para se livrar desta situação.
Uma vez que tenha percebido o interesse
de uma pessoa em se aproveitar de você, nada de ser bonzinho, seja firme! Se
demonstrar fraqueza essa pessoa contorna a situação e logo torna a te enrolar
no emaranhado de ardil, utilizando-se de lamúrias e pesares. Não dê abertura
para que ela permaneça se aproveitando de você, a corte, mesmo que precise ser
ríspido para tanto. Não tenha misericórdia de quem não tem remorso algum em te
usar. Se imponha, seja determinado, direto, assertivo em pôr um fim nos
comportamentos desta pessoa. A única maneira de frear o aproveitador é sendo
firme com ele.
Psicóloga katree Zuanazzi
CRP 08/170170
Publicado no Jornal de Notícias "A Folha de Saltinho" dia 22-06-2013Pode ser reproduzido citando a fonte e a autora. (Lei 9.610/1998)