domingo, 2 de dezembro de 2012

VIDA: UM ETERNO VIR-A-SER


Somos lançados no mundo, e isso se dá por uma faticidade. Somos incutidos neste plano, espaço, lugar que agora temos como familiar, sem escolher por aqui estar, e nos sentimos como pertencentes a ele com o decorrer do tempo.
Não optamos por estar situados no universo, na localização em que nascemos e pertencente à família pela qual fomos criados, porém a partir do momento que aqui estamos nos tornamos totalmente livres para escolher e fazer de nós mesmos o que quisermos. Apenas não se escolhe onde e como se nasce, mas todo o restante da vida, o desenrolar dela, ou seja, o destino, se têm plena e total responsabilidade e liberdade para modificá-lo.
Logo ao se arrojar no mundo a pessoa a pessoa é nome muito menos o que vai vestir e comer nos primeiros momentos, somente com o passar dos anos começa a ter uma consciência reflexiva de que pode preferir algo, todavia, acostuma-se com o outro lhe dizendo e mostrando o que deve ou não fazer e, por inércia, tende a perpetuar esta relação, afinal é tão mais fácil o outro escolher e arcar com as responsabilidades desta escolha, sozinho.
  É comum encontrar pessoas que atribuem ao seu companheiro, ao mundo, a Deus e sabe mais lá a quem seus infortúnios e com este movimento de tirar de si a responsabilidade se coloca em uma posição de vítima das circunstâncias da vida, negando a sua total e plena obrigação de responder pelas próprias ações.  Adotando esta postura de mero sujeito sofredor de um mundo predador a pessoa não percebe que ela mesma é o carrasco de sua vida, se impossibilitando de se lançar sobre coisas mais gratificantes.
“Está ruim e eu não tenho nada a ver com isto, é culpa do outro” é um pensamento comum. Se a vida não está boa é porque de alguma forma eu contribui para que não estivesse, sempre há algo a fazer para que não seja mais do jeito que é. Vimos quando nos projetamos, nos lançamos, existimos, atuamos sobre o mundo.
Viver é um processo totalmente atuante, não se tem como esquivar-se de influir sobre o próprio viver. Existem etapas, momentos, processos pelos quais se passa que são sim dolorosos, mas que não impedem que haja a ressignificação de uma nova história e possibilite um viés de possibilidades constantemente. Fazendo uma alusão a Foucault “Devemos não somente nos defender, mas também nos afirmar, e nos afirmar não somente enquanto identidades, mas enquanto força criativa”. Cada um pode chegar até o lugar onde ele se permitir chegar.
Ninguém, por mais que queira, tem o poder de nos tirar a liberdade, o poder, a obrigação de escolher cada passo na vida. A liberdade é uma condenação que não nos deixa a opção de não escolher, não há como fugirmos da nossa própria responsabilidade perante a vida que vivemos. Somos resultados de nossas escolhas e se não estamos satisfeitos com este resultado significa que estas escolhas não foram pertinentes. Não há tempo pra lástima em nossa existência, mas há sim tempo para se lançar sobre novas possibilidades.
            Katree Zuanazzi


Artigo publicado no Jornal de Notícias impresso “A Folha de Saltinho” no dia 12-11-2011.

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