quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

O QUE DIZ A PSICANÁLISE SOBRE O AMOR


A partir dos pressupostos psicanalíticos, as vinculações afetivas têm sua origem no primeiro ano de vida quando se precisa do outro para que as necessidades fundamentais sejam supridas.
Freud, no decorrer de suas obras, propõe que existem instâncias psíquicas que regem a sobrevivência do sujeito. A primeira é denominada instinto e se caracteriza pela busca da satisfação de necessidades básicas fisiológicas, como alimentação. A outra, chamada pulsão, tem a função de buscar também maneiras de satisfação, mas não fisiológicas, busca satisfazer as necessidades subjetivas do indivíduo, o desejo, o querer. A pulsão se manifesta quando a criança começa a perceber que a mãe não é uma extensão de si mesma e se percebe como um ser separado, ela sente a falta da mãe quando ela não esta ali. Na relação com a presença e ausência da mãe que ocorre a estruturação psíquica, a maneira como a falta é experienciada psiquicamente definirá se o sujeito será neurótico, psicótico ou perverso. O neurótico sente a falta e sofre com ela, o psicótico foraclui a falta, já o perverso nega a falta. Percebe-se então que a busca amorosa é típica da estrutura neurótica.
Esta maneira de lidar com o objeto amado na infância se repetirá ao longo da vida. Ttoda a vez que a pessoa se relacionar com alguém na idade adulta vai manifestar os mesmos padrões daquele primeiro contato que teve com seu primeiro objeto de afeto, no caso, a mãe.
A escolha do objeto de amor pode se dar de duas formas básicas: narcísica ou anaclítica. Narcísica é quando o amor volta-se pra si mesmo, já a anaclítica é quando o objeto de amor é visto como o outro, ou seja, aquele que supre suas necessidades com alimentação, carinho, proteção.
Em ambas as maneiras fica evidenciado que é prazer o que regula os eventos mentais. Cada pessoa busca, mesmo que inconscientemente, a redução de tensão ou produção de prazer através de seus relacionamentos amorosos.
A obtenção de prazer se dá através da catexia, ou seja, movimento de direcionar a libido em algo. A libido é a energia sexual a qual se emprega para a satisfação de prazeres. O vínculo de amor é entendido como o investimento libidinal em algum objeto ou pessoa. Ao longo da vida esses objetos vão mudando conforme o nível de satisfação que proporcionam. Não se ama o objeto que se diz amar, ama-se o prazer que ele implica. O amor é satisfação de prazer.
O desejo e o amor podem ser descrito como formas de o sujeito retomar a satisfação que um dia teve, ou imagina ter tido. Mas a satisfação nunca é e nunca será completa, pois o âmago do ser humano constitui-se pela falta originada na “separação”, ou lançamento ao mundo.
Eric Fromm diz que “A mais profunda necessidade do homem, assim, é a necessidade de superar sua separação, de deixar a prisão em que esta só”. Por isso há a necessidade de se relacionar e juntamente a insatisfação ao constatar que nenhum relacionamento pode suprir esta falta.
O amor só pode ser concreto, então, com a aceitação de sua impossibilidade de plenitude. O amor não tem a potencialidade de suprir a solidão diante do mundo ou de completar uma pessoa, apenas de lhe proporcionar mais prazer. Enquanto implicar em ganhos, mesmo que secundários, ele permanece, sem ganhos ele se extinguirá.
Psicóloga Katree Zuanazzi
CRP 08/17070

Publicado no Jornal de Notícias "A Folha de Saltinho" dia 11-02-2012
Pode ser reproduzido citando a fonte e a autora. (Lei 9.610/1998)

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